Lições de Josué para vencer o medo
- teleswork
- 11 de nov. de 2023
- 7 min de leitura
Atualizado: 1 de dez. de 2023
O medo faz parte do sistema de defesa emocional primitivo que chamamos de instinto de sobrevivência, talvez, seja o elemento mais forte dentre todas as emoções que nos mantém vivos e distantes de perigos. Sempre que estamos diante de uma situação de perigo, seja físico, como estar diante de um animal feroz, ou emocional como uma mudança de emprego ou cidade, lá está ele, como um sinal de alerta disparando em nosso sistema nervoso uma série de hormônios que potencializam nossos sentidos força, velocidade, percepção, um verdadeiro upgrade que nos torna capazes de sobreviver aos maiores desafios. Bem, desde que estejamos plenamente saudáveis.
O medo não é algo ruim, desde que ele permaneça em seus níveis normais que ajudam nosso instinto de sobrevivência. O problema é que o medo pode fugir do controle e se tornar um grande inimigo e uma verdadeira prisão que nos impede de viver nossos sonhos. Infelizmente, o medo sair do controle é mais comum do que imaginamos, isto porque, a vida é cheia de perigos e desafios que nos colocam a prova a todo momento e na grande maioria das vezes, não estamos preparados para enfrentar os desafios que a vida nos propõe e assim, acabamos nos ferindo a um nível que desestabiliza completamente o nosso instinto de sobrevivência que por sua vez acaba se sobrecarregando e transformando o medo em um quarto de segurança máxima com paredes emocionais espessas quase que intransponíveis, e assim, nos tornamos fóbicos, entramos em pânico diante do menor dos perigos ou desafios. Não é mais preciso um animal feroz, basta apenas um inseto para nos trancarmos no quarto de segurança máxima até que alguém nos salve.
Toda fobia, crise de pânico, timidez paralisante é sinal de que o medo saiu dos seus limites normais. Alguma situação pela qual passamos foi traumatizante e dolorosa o suficiente para acionar o quarto de segurança máxima. Agora, você está trancado e “protegido” contra o perigo que lhe causou tanta dor. Talvez tenha sido pais abusivos, uma mãe ausente, talvez um cônjuge violento, um amigo infiel, talvez um cão bravo te mordeu na infância ou um pesadelo com um palhaço que foi tão real que só em ver uma lona de circo você sente náuseas. Ou ainda, você não se saiu bem naquela prova e sentiu que decepcionou muita gente e a si mesmo e agora, o medo cresceu, saiu do seu controle e passou a ter controle sobre você. Te tornou, inseguro, fóbico, ansioso, tímido, te deixou com a sensação de incapacidade, te trancou no quarto de “segurança máxima do pânico” para você não se ferir de novo.
Devolver o medo ao seu estado normal e voltar a viver bem com a coragem de se expor ao perigo novamente é muito difícil e muitas pessoas não conseguem nem com anos de terapia. Mas isso não quer dizer que seja impossível e que você precisa ficar trancado nessa prisão emocional que o medo gerou e enganosamente te diz que é para a sua “segurança”. Você pode sim, estabilizar o medo para que ele volte a agir apenas como parte do instinto de sobrevivência acionado apenas para te dar o upgrade que você precisa para vencer os desafios.
Vejamos o exemplo de Josué. Ele foi servo de Moisés por vários anos desde a saída do Egito. Ele estava presente quando o povo parou em frente ao mar vermelho e foi cercado pelo exército de faraó. Ele sentiu a sede e a fome no deserto. Ele teve que lutar contra os amalequitas em Refidim no deserto. Ele foi enviado como um dos doze espias até Canaã e lá viu os gigantes que habitavam na terra, cidades fortalecidas com muralhas intransponíveis como Jericó. Ele estava no monte quando Deus falava com Moisés entre relâmpagos e trovões ao ponto que toda a congregação de Israel temeu e pediu que Moisés falasse com o povo ao invés do Senhor. Este homem enfrentou todos esses desafios bravamente e, certamente, o medo estava presente em todas essas situações, mas, sempre em níveis saudáveis que o mantinham em nível máximo de alerta. Porém houve uma situação que desestabilizou Josué e esse bravo homem agora estava sob forte pressão e o medo poderia dominá-lo, a morte de Moisés.
A morte de Moisés surpreendeu e abalou a toda a congregação de Israel, mas ninguém foi tão impactado quanto Josué. Ele perdera de repente, seu líder, mentor, seu pai espiritual e agora estava diante de uma congregação de milhares de homens e mulheres, apavorados, inseguros, ansiosos, murmuradores. Ele tinha registrado em suas lembranças todos aqueles anos em que Moisés sofreu com a resistência, oposição e ingratidão daquele povo. E apesar de ser extremamente capacitado para a tarefa que lhe seria designada, fazer o povo entrar e tomar posse da terra prometida, ele com certeza absoluta não esperava que fosse ele a liderar o povo e sim, Moisés, mas Deus tinha outros planos.
Todos os medos de Josué haviam sido potencializados em um curto espaço de tempo. A dor da perda ainda apertava seu peito e o peso do cajado já estava em suas mãos. Certamente agora a visão do que estava por vir, a guerra, os gigantes que teria que enfrentar, a dúvida se seria capaz, se o povo iria lhe ouvir, se lhe obedeceriam, enchia seu coração e lhe tirava o sono. Então antes que seus medos fugissem do controle e o trancasse no quarto de segurança máxima do pânico, o Senhor lhe apareceu e tomou a chave do medo descontrolado de suas mãos e disse:
Esforça-te e tem mui bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. (...) Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não tenha medo, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. (Josué 1.6;9).
Talvez, Josué esperasse algum sinal maravilhoso como os que os seguiram durante aqueles anos no deserto, uma nuvem de glória, uma coluna de fogo, mas não, todos esses sinais cessaram. Josué não recebeu nenhuma profecia ou revelação misteriosa da parte do Senhor, ele recebeu exatamente as palavras de que precisava para trazer seus medos de volta aos níveis normais e poder continuar a missão de Moisés que agora era sua. O Senhor disse que estaria com ele assim como esteve com Moisés e o ajudaria. Porém, ele precisava fazer a parte dele. Tomou quatro atitudes para vencer o medo.
Esforça-te! Vencer o medo não é uma tarefa fácil, já disse isso! É preciso trabalho duro e muito esforço para não deixar que o medo se agigante e nos domine. Embora Josué reagiu instantaneamente, muita gente precisa de anos para vencer seus medos. Em muitos casos, mesmo sendo homens e mulheres tementes a Deus e experimentados na palavra, a pessoa precisa de um acompanhamento psicológico que o ajudará a vencer seu medo, é o caso de quem tem fobias ou transtorno de pânico. O tratamento muitas vezes é demorado e exige muito esforço da pessoa o que é fator determinante para o sucesso.
Esforça-te! Tenha bom ânimo!
O senhor sabia que a guerra que estava por vir seria longa e geraria muitas baixas, dores e pressões, as muitas batalhas desgastariam a força e em muitos momentos poderiam levar Josué a desanimar. Processos longos tendem a causar desânimo e o desânimo causa desistência. É preciso muito esforço e determinação. Acreditar que é possível vencer o medo e continuar mesmo quando alguma derrota acontece. Josué foi derrotado na cidade de Aí, um pequeno vilarejo sem muralhas e de homens pacatos, e isso causou uma grande insegurança. As vezes pequenas derrotas acontecerão em situações simples e colocarão em xeque todo nosso progresso. Neste momento o desânimo pode surgi querendo te fazer parar, dizendo – se você fracassou diante de algo tão pequeno, como acha que vai conseguir vencer seus maiores medos? E assim, muitos desistem, e voltam ao quarto de segurança máxima trancafiados pelo pânico. Ao invés disso, faça como Josué, avalie onde errou, concerte o erro e prossiga com processo, desistir não é opção, corrigir onde errou e continuar sim. Tenha Bom Ânimo!
Não tenha medo! Esse medo de que o Senhor está falando não é aquele natural que faz parte do nosso instinto de sobrevivência. Este medo é aquele paralisante, fóbico, transtornado que deseja te trancafiar e impedir suas conquistas em nome de uma suposta “segurança” contra a dor, contra o fracasso. Se Josué permitisse ainda que por um instante esse medo assumir o controle, ele seria completamente derrotado. Mas como não deixar o medo assumir o controle? Fazendo algumas coisas importantes que Josué fez ao longo de sua jornada. Primeiro, confiando em seu Deus e em sua promessa: o Senhor havia assegurado que estaria com ele assim como esteve com Moisés e o faria herdar a terra. Segundo, lembrando sempre das vitórias passadas e de tudo que já conquistou: constantemente Josué lembrava a si mesmo e ao povo as vitórias passadas e construía memoriais das vitórias que ia conquistando. Terceiro, mantendo sua mente ativada com aquilo que lhe dava segurança e ânimo: a Palavra do Senhor, ele meditava e falava dela dia e noite, assim sua mente estava sempre ativa e poderosa para controlar o medo.
Não tenha medo! Não te espantes!
Espanto é a reação de alguém que sofre algo inesperado ou que vê algo grandioso. Embora Josué fosse um homem experimentado em batalhas e já tivesse acumulado muitas vitórias, nada do que ele havia visto e passado se comparava com os desafios que estavam por vir. A fúria da guerra, o poder dos inimigos, o tamanho e força dos guerreiros... eram muitas as coisas que poderiam causar espanto e intensificar seus medos ao ponto de lhe paralisar. Você já sofreu algum susto que ficou paralisado? Se já, conhece a sensação. Um guerreiro precisa estar totalmente ativo na batalha porque se por um segundo ele hesitar, o inimigo lhe derrota.
O espanto tem esse poder de provocar paralisia porque geralmente ele é provocado por algo repentino e grandioso. No momento em que nos espantamos, o nosso medo perde o controle e despeja em nós uma carga muito elevada de hormônios que afetam diretamente nossos sentidos, mas não de uma forma positiva, pois a sobrecarga do sistema nervoso pode causar paralisia nos deixando estáticos e pode até nos matar. Sabemos que é impossível prever as coisas que podem acontecer e nos causar espanto, uma perda, um acidente, uma traição o que for, mas se vamos para a guerra contra o medo, precisamos assumir uma postura confiante e atenta, esperando que ele tente nos dominar a qualquer momento. Assuma um estado de alerta constante e esteja preparado para o que for não baixe a guarda até que tenha vencido e acima de tudo. Não te espantes!
Josué mostrou que é possível vencer o medo por maior e mais desafiador que ele seja. Talvez você precise de ajuda na batalha, um amigo de oração, um pastor, um psicólogo, que seja! O que você não pode é continuar preso nessa prisão de segurança máxima de mentiras que o medo criou para você. Se esforce, tenha bom ânimo, não tenha medo, não te espantes, o Senhor teu Deus é contigo!
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